Aos 89 anos, fundador da Duty Free conclui sonho de doar toda sua fortuna




Juliana Elias, do CNN Brasil Business, em São Paulo


Demorou, mas o empresário norte-americano Charles Feeney, também conhecido como Chuck, fundador da rede de lojas de aeroportos Duty Free e hoje com 89 anos, conseguiu concluir uma promessa que se fez quatro décadas atrás: doar todos os bilhões de seu patrimônio antes de morrer. 


Trata-se de uma fortuna de aproximadamente US$ 8 bilhões (R$ 41 bilhões), que foi sendo distribuída aos poucos para projetos de educação, saúde, ciências e segurança social mundo afora ao longo dos últimos 40 anos. 


É um patrimônio que foi levantado durante os 36 anos em que Feeney chefiou o conglomerado da Duty Free, fundada em 1960, e também depois com a venda de sua fatia na companhia, em 1996. Repassada para o grupo francês dono da marca Louis Vuitton, a operação lhe rendeu alguns bilhões a mais na conta. 


Todo esse dinheiro saiu do bolso de Feeney para a sociedade principalmente por meio da Atlantic Philanthropies, fundação criada por ele em 1982 com a missão dupla de gerar retornos à comunidade e de ser o canal responsável pela promessa de zerar o patrimônio. 


Foi nesta época que ele tomou a decisão pessoal e silenciosa de se desfazer de toda a sua fortuna, e ainda em vida. É um projeto ligeiramente mais agressivo que o da grande maioria dos bilionários filantropos de seu país, que sustentam fundações com uma fração do seu patrimônio e doam outra em uma fatia da herança — nos Estados Unidos, o imposto é menor se uma parte vai para doação.


A Atlantic, junto com o dinheiro de Feeney, acabou oficialmente na última segunda-feira, 14 de setembro de 2020, quando ele assinou os papéis de encerramento das atividades da instituição. 


A assinatura foi acompanhada de uma cerimônia simbólica, feita virtualmente pelo aplicativo Zoom, em meio à pandemia de coronavírus. O amigo e colega de filantropia Bill Gates e o ex-governador da California Jerry Brown foram alguns dos que participaram enviando mensagens em vídeo.


“Aprendemos muito. Me sinto muito bem por ter conseguido concluir isso em tempo”, disse Feeney em uma entrevista à revista Forbes logo após o cerimonial. 


De acordo com a Forbes, o ex-bilionário tinha reservado já há alguns anos um pedaço de US$ 2 milhões da fortuna toda para si, para sustentar sua aposentadoria e a da esposa – ou seja, 0,25% do patrimônio completo. Todo o restante dos US$ 8 bilhões foi doado. 


Foi ao lado de Bill Gates e também do mega-investidor Warren Buffet que Feeney ajudou a criar o projeto Giving Pledge, em 2010. A iniciativa é uma associação de mega-empresários que fazem campanha para que bilionários do mundo se unam e doem mais da metade de suas fortunas. 


“Eu percebi que eu tinha uma satisfação ainda maior em dar meu dinheiro e ver alguma coisa sendo construída do zero, como um hospital ou uma universidade”, disse o ex-bilionário, pouco afeito a aparições, em uma outra entrevista de 2012, para o jornal britânico Financial Times. “Simplesmente parecia mais lógico colocar dinheiro para fazer o bem do que colocar em uma conta no banco e deixá-lo acumulando.” 

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