Seguranças de supermercado espancam homem negro até a morte em Porto Alegre

 



Jéssica Otoboni, da CNN, em São Paulo
20 de novembro de 2020 às 07:08 | Atualizado 20 de novembro de 2020 às 10:40

 

Um homem negro foi espancado em uma unidade do supermercado Carrefour em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na noite dessa quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra. A vítima, João Alberto Silveira, de 40 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu.

A cena, em que os dois homens brancos agridem Silveira no estacionamento do estabelecimento, foi filmada e está circulando nas redes sociais. O crime aconteceu no bairro de Passo D'Areia.

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Cena de espancamento em unidade do Carrefour em Porto Alegre
A cena, em que dois homens brancos agridem a vítima, foi filmada e está circulando nas redes sociais
Foto: Reprodução / Redes sociais

De acordo com informações da Polícia Militar, os envolvidos, seguranças do local, foram presos em flagrante, acusados de homicídio. Contudo, eles ainda devem ser indiciados por homicídio triplamente qualificado.

Um deles é um agente militar temporário – que não estava em serviço policial no momento do crime –, "cuja conduta fora do horário de trabalho será avaliada com todos os rigores da lei". Um PM temporário é contratado de forma emergencial para prestar serviços administrativos à corporação, e não nas ruas.

Pai da vítima diz que filho foi assassinado covardemente

pai da vítima disse à CNN que foi ao local pois o informaram que o filho havia sido preso. 

"Quando cheguei, a equipe médica estava nos últimos minutos de reanimação e ele não reagiu mais", contou João Baptista. "Eu vim para achar um preso. Achei um corpo, uma pessoa assassinada covardemente, como os vídeos estão mostrando aí."

João Alberto Silveira tinha quatro filhos e foi ao supermercado junto à companheira. 

Incidente ainda não esclarecido

De acordo com a Polícia Civil, houve um incidente ainda não esclarecido dentro do supermercado. O cliente, então, foi conduzido por dois seguranças até o estacionamento e, após passar pela porta do local, a polícia disse que ele teria dado soco em um dos vigias, o que iniciou os ataques violentos contra ele.

Uma mulher que seria funcionária do supermercado tentou coagir o indivíduo que estava gravando as imagens das agressões, dizendo que o prejudicaria se ele continuasse com as gravações. Segundo ela, o cliente agrediu uma pessoa dentro da loja. 

A vítima chegou a ser atendida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas acabou morrendo. De acordo com a delegada Roberta Bertoldo, do 2º Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) de Porto Alegre, suspeita-se que o homem tenha sofrido um ataque cardíaco por conta das agressões sofridas e por ter sido pressionado no chão por um certo tempo.

Carrefour lamenta ocorrido

Em nota, o Carrefour disse que "lamenta profundamente o caso" e que "adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso".

A empresa informou ainda que vai romper o contrato com a companhia responsável pelos seguranças que cometeram a agressão e demitirá o funcionário que estava no comando da loja no momento do crime. A loja vai permanecer fechada nesta sexta.

"Ao tomar conhecimento deste inexplicável episódio, iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos as providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente", diz o comunicado do Carrefour. "Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam."

Governador se pronuncia

O governador de Porto Alegre, Eduardo Leite (PSDB), se pronunciou sobre o caso no Twitter. "Infelizmente, nesta data em que deveríamos celebrar políticas públicas e avanços na luta por igualdade racial, deparamos com cenas que nos deixam indignados pelo excesso de violência que levou à morte de um cidadão negro", escreveu.

"Todas as circunstâncias em que este crime ocorreu estão sendo apuradas, e os envolvidos foram detidos. Aos familiares e amigos da vítima, o João Freitas, toda nossa solidariedade e a certeza de que a investigação será rigorosa para que haja consequência deste ato lamentável."

(Com informações de Julyanne Jucá, da CNN, em São Paulo, e Bruna Ostermann, da CNN, em Porto Alegre)

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