MEMÓRIA - Instituto Poeta Carvalho Junior é criado em Caxias-MA
Foi criado nesta terça-feira (06), no Memorial da Balaiada, o Instituto Poeta Carvalho Junior. O poeta caxiense que faleceu em março de 2021, vítima de covid-19, aos 35 anos. Carvalho Junior, era membro da Academia Caxiense de Letras e da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão (ASLEAMA).
O Instituto vai colaborar com a promoção da vida literária caxiense, mas também com a preservação da memória de Carvalho Junior.
"Carvalho Júnior é uma pessoa especial, para quem nós a partir de agora teremos que dedicar um tempo à mais para conhecer e difundir o seu trabalho. Tive a oportunidade de ser presenteado com um de seus livros - 'O Homem Tijubina'. Quero agradecer pelo convite que me foi feito, para compor o Instituto Poeta Carvalho Júnior. Que o Instituto possa, a partir de agora, dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelo estimado poeta caxiense", destaca Julimar Silva, Jornalista.
O instituto tem sua estrutura formada por: Presidente, Diretor Administrativo, Diretor Financeiro e seus respectivos vices, além do Conselho Fiscal.
"Hoje, em 06 de julho de 2021, com a fundação institucional do Instituto Poeta Carvalho Júnior estou cada vez muito convicto de que um poeta nunca morre... se encanta ao cumprir o desígnio divino: - "o homem veio do barro e ao barro retornará" - . Portanto, o meu amado-amigo-irmão de arte literária no gênero da poesia, Carvalho Júnior, não morreu e nunca morrerá, para nós. Ele, agora, está encantado no barro na eterna construção histórico-literária caxiense; ele é, pois, um raio de luz nos astros de um céu do saber e da educação caxiense...; eis, agora, o quê ele é para todos nós; que o temos no elenco da plêiade amorosa do nosso coração e na afixação da nossa saudosa memória eterna... Carvalho Júnior VIVE, em nós!", disse Wibson Carvalho, poeta caxiense.
"Ele era um poeta em que ele advogava pelas liberdades. O poeta Carvalho Júnior foi um dos sócios fundadores da ASLEAMA, responsável pela composição do nosso hino. E, várias outras contribuições. Hoje, estar aqui é um compromisso da ASLEAMA com este imortal que o mundo precisa conhecer", afirma Guilherme Sousa, Presidente da ASLEAMA.
Joseneyde Ferreira, que foi esposa de Carvalho Junior por quase 10 anos, destaca que vai continuar o trabalho de Carvalho Júnior, que além de suas 5 obras, intituladas: Mulheres de Carvalho, A Rua do Sol e da Lua, Dança dos Dísticos, No Alto da Ladeira de Pedra; e, O Homem Tijubina.
"Eu praticamente acompanhei toda a produção literária de Carvalho Júnior, eu fiz parte de todos eles. Ele tinha uma certa pressa, um desejo muito grande de expressar, ele dizia, 'a minha vida é a poesia'. Então, a minha inquietação com a criação do Instituto, é manter viva a vida de Carvalho Júnior, da escrita", afirma Joseneyde Ferreira, Presidente do Instituto Carvalho Júnior.
Em setembro deste ano uma nova obra Carvalho Júnior que ele deixou pronta, será lançada. Com o tema: Xilogravura de Pássaros, o livro vai preceder a realização de um dos eventos que Carvalho Júnior realizava, o 'Na Pele da Palavra', em 4 de outubro, dia do aniversário do poeta.
Confira mais informações sobre a criação do Instituto na reportagem do Sistema Guanaré de Comunicação.
HAVERÁ UM RENOVO
Desacreditada a vida,
nas tristes e destruídas margens
deste rio sombrio
que nos afoga nesta hora.
Desacreditada a vida,
nestas margens que se estreitam
e nos comprimem
e nos asfixiam,
“o milagre do bico do pássaro”
transportou o Poeta – Semente
para as margens do rio
que corre indignado e firme
para o céu,
onde se pode respirar.
Mas antes que chegasse à foz
e o celeste mar o pudesse abraçar,
seus amigos pediram a Deus para esperar,
esperar, esperar...
E ressuscitaram a esperança!
“No alto da ladeira de pedra”,
também a ancestralidade do poeta
e sua posteridade princesíndia
engendram orações
de enganchos e tarrafas.
E uma linha de saudade o abrange,
içando-o ao retorno.
Haverá um “renovo”.
Já “passarinhando
e palavrinhando por dentro”,
em seu silêncio,
o poeta está apenas
mudando de penas.
Estamos até fragilizados,
mas não nos fecharemos
como a malícia,
a pirraçada mimosa pudica,
pois não nos tocarão ainda mais a maldade
e a má notícia.
A morte é forte,
mas não define o poeta
e sua indelével voz.
Ainda que se vá,
ele sempre entre nós estará!
E de nós
o terrível Letes
nunca o poderá tirar!
O tempo do poeta é o sempre.
Trans-historicamente,
quebrando a métrica do tempo,
ora escuta, prescruta;
ora traduz,
conta e canta,
polifonicamente,
o lugar que somos,
os tormentos ou encantamentos
atravessados em nossa voz.
O Tempo do poeta não finda,
pois a eternidade contempla seus versos.
Assim, mesmo que se vá,
entre nós ele ainda viverá.
Quer grudar nas paredes do céu
o homem que, na infância,
apanhou as patas da tijubina
e tomou do pássaro o voo.
Porém ele também tem
um épico “cavalo cego”.
Invocamos o Senhor Deus,
os anjos, o Santo do seu nome
e o convocamos
na leitura de seus versos.
A galope, no seu cavalo cego,
todo indumentado
de xilogravuras de pássaros
e pele de tijubina,
ele descerá, li-ri-ca-men-te,
para “renascer luz
no corpo de seus poemas.”
Íris Mendes
Caxias - Maranhão
Fotos de Carvalho Júnior.
Fonte: Internet
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