78% das mulheres candidatas a cargos públicos não tiveram apoio dos partidos para campanha, aponta pesquisa


Objetivo do projeto 'Políticas de Saia' é mapear a violência política contra mulheres no país.

Por Marina Pinhoni, g1 SP — São Paulo






Cerca de 78% das mulheres que se candidataram a algum cargo público afirmam que os partidos políticos não cumpriram a promessa de apoio para suas campanhas. É o que aponta a pesquisa "Políticas de Saia", do Instituto Justiça de Saia, da promotora Gabriela Manssur, divulgada nesta quinta-feira (25).


"Os dados são necessários para que nós possamos pleitear comprometimento das pessoas que têm a legitimidade para agir nessas situações – os líderes dos partidos, dos diretórios", disse a promotora, acrescentando que o apoio também deve acontecer antes de uma candidatura, na orientação sobre como se candidatar e inclusive antes de uma filiação.



Os dados fazem parte das respostas de 1.194 mulheres, colhidas entre os dias 8 de outubro e 22 de novembro. Participaram da pesquisa eleitoras, lideranças políticas, candidatas e mulheres eleitas em todo o país.


Entre as 155 mulheres que afirmam ter se candidatado a algum cargo público, 123 não foram eleitas (79,4%) e 121 (78%) informam que a promessa de campanha para a candidatura a cargo não foi cumprida pelo partido. Elas concorreram a cargos de vereadora (90,8%), deputada estadual (11,8%), prefeita (3,9%), vice-prefeita (3,3%), deputada federal (10,5%) e senadora (1,3%).



"Me incomoda muito os homens definindo os direitos das mulheres sem a participação de nenhuma de nós, como se soubessem o que é melhor para nós. Precisamos mostrar para a sociedade qual é o impacto da presença de mulheres nos cargos de liderança em termos de economia, de saúde, de educação, de segurança pública e em termos de dignidade da pessoa humana", afirmou a promotora Gabriela Manssur.


O levantamento também aponta que 89% das mulheres não se sentem representadas pelos homens na política. Para 96,7% das entrevistadas, a existência de mais mulheres na política impacta positivamente o desenvolvimento de políticas públicas e ações em prol das mulheres.


Na Câmara Municipal de São Paulo, por exemplo, embora a representatividade feminina tenha aumentado em 2020 em relação a 2016, ela ainda é muito inferior à masculina. Das 55 vagas, apenas 13 são ocupadas por mulheres, o que corresponde a 24%


Formas de violência

A maioria das mulheres (51%) também afirmou que já sofreu algum tipo de violência nos espaços de poder e de exercício político. Entre as formas de violência estão:


Ofensas morais e os xingamentos (50,3%)

Exclusão, expulsão ou restrição a espaço político (35,9%)

Ameaças (21,6%)

Ataques sexuais (18%)

"Fake news" (16,8%)

Agressão física (6%)

Invasão de redes sociais (7,4%)

"Outro desafio: mostrar os resultados das denúncias na ouvidoria das mulheres no Conselho Nacional do Ministério Público para que nós possamos aproximá-las do sistema de Justiça, para que tenham segurança na denúncia e incentivo a participação no poder", disse a promotora Gabriela Manssur. "Com um tipo penal específico criado para combater a violência política contra mulheres, nós temos a tendência a aproximar essas mulheres do sistema de justiça", completou.



A pesquisa pode ser acessada no site da organização Justiceiras. Além de participar do levantamento, as mulheres podem denunciar violências, realizar depoimentos e, se optarem, receberem apoio jurídico e psicológico.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

POLÍTICA - Amanda Gentil homenageia as mães caxienses e entrega flores ao som da Banda Lira Municipal; a jovem se apresenta como a continuação da tradição política da família Gentil

INFRAESTRUTURA - Prefeitura de Caxias (MA) entrega Praça da Bíblia hoje (24) a partir das 19h00

POLÍTICA - Ciro amplia vantagem sobre Bolsonaro e pode ir para 2º turno com Lula em 2022