Por nova variante da Covid-19, países impõem novas medidas restritivas
Pelo menos 14 nações anunciaram proibições para voos provenientes do sul da África. Confira lista

A preocupação com a nova variante da Covid-19 identificada em Botsuana tem feito países considerarem novas medidas restritivas a voos nas fronteiras.
Segundo levantamento (veja lista abaixo) feito pela CNN na manhã desta sexta-feira (26), pelo menos 14 nações já haviam anunciado bloqueios totais ou parciais a viajantes vindos de países do sul da África.
O Itamaraty informou, em nota, que ainda não tem posicionamento sobre a conduta que o Brasil deve adotar em relação à nova variante.
Porém, segundo um comunicado emitido pelo Ministério da Saúde a secretarias estaduais e obtido pela CNN, a pasta já teria sido informada pela OMS que a nova cepa é classificada como “variante preocupante”.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou que fossem implementadas medidas restritivas para voos e viajantes procedentes da região. Estão na lista os países África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.
Na Europa, Itália, República Tcheca, Holanda e França anunciaram nesta sexta um novo rol de medidas restritivas. O ministro italiano da Saúde, Roberto Speranza, assinou uma ordem executiva proibindo a entrada da África do Sul, Lesoto, Botswana, Zimbábue, Moçambique, Namíbia e Eswatini, afirma um comunicado.
“Nossos cientistas estão estudando a nova variante B.1.1.529. Enquanto isso, adotaremos a maior cautela possível”, disse o ministro.
Os mesmos países também receberam sinal vermelho para entrar na República Tcheca, mas o país acrescentou a Zâmbia na lista.
Na Holanda, o ministro da Saúde, Hugo de Jonge, afirmou em um comunicado que a proibição se aplicaria a todos os países do Sul da África, e que os viajantes atualmente em trânsito deverão ficar em quarentena na chegada ao aeroporto de Schiphol.
Viagens suspensas
A Comissão da União Europeia está impondo novas restrições para as próximas semanas com a finalidade de evitar uma onda de casos relacionados à nova variante no continente.
O órgão anunciou a suspensão de viagens para países onde a nova variante foi detectada. Em pronunciamento nesta sexta-feira (26), a chefe da Comissão, Ursula von der Leyen, esclareceu sobre as novas restrições.
“Viagens para os países nos quais a variante foram detectadas serão suspensas. Para os que já estão no caminho de volta para Europa, será obrigatória a testagem e quarentena de 14 dias”, disse.
Ela ainda destacou a necessidade de atualização dos imunizantes para combater a nova variante. “Vacinas feitas por empresas contratadas pela UE deveriam ser adaptadas para as novas variantes imediatamente”.
Leyen já havia comentado sobre a necessidade de novas restrições em sua conta no Twitter. “A Comissão irá propor, em estreita coordenação com os Estados Membros, ativar o freio de emergência para interromper as viagens aéreas da região da África Austral devido à variante de preocupação B.1.1.529”, escreveu.
Primeiro caso na Europa
A Bélgica registrou nesta sexta-feira (26) o primeiro caso na Europa da nova variante, identificada até o momento como B.1.1.529.
A informação foi compartilhada pelo virologista Marc Van Ranst nas redes sociais. Ele pe dono de um laboratório que trabalha em conjunto com o departamento de saúde pública da Bélgica.
O viajante que teria contraído o vírus voltou à Bélgica no dia 11 de novembro depois de uma viagem ao Egito. Ele só apresentou sintomas no último dia 22, escreveu virologista.
O governo belga ainda não confirmou o caso.
União Europeia em alerta; países asiáticos tomam medidas
A comissão-executiva da União Europeia recomendará que todos os 27 estados membros implementem a medida, e espera que o Conselho Europeu dê luz verde o mais rápido possível, acrescentou um funcionário da UE.
As decisões do Conselho Europeu, que representa os Estados-Membros, não têm de ser tomadas pelos ministros, mas também podem ser assinadas pelos embaixadores do país em Bruxelas.
Fora do bloco mas na região europeia, o Reino Unido também proibiu temporariamente os voos da África do Sul, Namíbia, Botswana, Zimbábue, Lesoto e Eswatini na sexta-feira, e pediu que os viajantes britânicos retornassem desses destinos para a quarentena.
No Oriente Médio, Israel anunciou na quinta-feira que estava impedindo seus cidadãos de viajar para o sul da África e proibindo a entrada de estrangeiros da região.
Nesta sexta, o país confirmou um caso de infecção pela nova cepa. O primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, se reuniu com especialistas em saúde para discutir a melhor forma de responder à variante.
“Estamos atualmente à beira de um estado de emergência”, disse Bennett, de acordo com um comunicado de seu gabinete. “Nosso princípio básico é agir rápido, forte e agora.”
Outros países asiáticos também integram a lista.
O Ministério da Saúde de Cingapura afirmou que restringirá as chegadas da África do Sul e de países vizinhos. Medidas semelhantes foram tomadas pelas Filipinas, Marrocos e Bahrein.
Já no Japão, Taiwan e Índia, o anúncio abrangeu apenas maior controle nas fronteiras e ainda não proibiu ao todo a entrada de pessoas originários dos países em risco. Em Taiwan, os viajantes deverão cumprir quarentena; na Índia, eles deverão ser testados.
Países com restrições ao sul da África
Baniram voos
- Reino Unido
- Itália
- Holanda
- República Tcheca
- França
- Cingapura
- Israel
- Filipinas
- Marrocos
- Bahrein
- Arábia Saudita
Aumentaram medidas de controle
- Japão
- Índia
- Taiwan
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Com o aumento de casos de Covid-19 na Europa, a Romênia enfrenta sua pior onda da pandemia até então. Com baixa taxa de vacinação, hospitais, necrotérios e cemitérios estão cada vez mais lotados.
Crédito: CNN - 2 de 4
A Dra. Alexandra Munteanu, no centro de vacinação Palatul Copiilor em Bucareste, está pronta para vacinar quantas pessoas forem necessárias - mas elas precisam comparecer. A Romênia tem uma das piores taxas de vacinação na Europa, com 36% da população vacinada.
Crédito: Cristiana Moisescu / CNN - 3 de 4
Um banner em Bucareste mostra médicos trabalhando para pacientes com Covid-19 e esta mensagem: "Eles estão sufocando. Eles estão nos implorando. Eles estão se arrependendo."
Crédito: Cristiana Moisescu / CNN - 4 de 4
Neculai Miron, prefeito do vilarejo de Bosanci, no condado de Suceava, expressa suas opiniões contra a vacina: ele acha que não é segura.
Crédito: CNN
OMS se reúne e faz alerta sobre restrições
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou os países nesta sexta contra a imposição apressada de restrições de viagens relacionadas à nova variante, dizendo que eles deveriam tomar uma “avaliação de risco baseada na ciência”.
“Até o momento, a implementação de medidas restritivas a viagens não é recomendada”, disse o porta-voz da OMS, Christian Lindmeier, em uma entrevista coletiva da ONU em Genebra. “A OMS recomenda que os países continuem a aplicar uma abordagem científica e baseada no risco ao implementar medidas de viagem.”
Nesta sexta, o órgão se reúne para avaliar as informações disponíveis da variante, bem como para determinar se ela será classificada como “variante de interesse ou variante de preocupação”.
O que se sabe sobre a variante
Os cientistas ainda estão avaliando a nova variante do vírus, identificada pela primeira vez esta semana. Sua descoberta na sexta-feira atingiu os mercados financeiros da Ásia, onde as ações sofreram a maior queda em três meses e o petróleo despencou mais de 3%.
A variante tem uma “constelação muito incomum” de mutações, que são preocupantes porque podem ajudá-la a escapar da resposta imunológica do corpo e torná-la mais transmissível, afirmam cientistas sul-africanos.
Países com casos confirmados da nova variante da Covid-19
- África do Sul
- Bostuana
- Hong Kong
- Israel
- Bélgica
*Com informações da Reuters
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